13 julho 2014

Causas de um vexame histórico

Nunca antes na história deste país sofremos uma goleada tão humilhante como este 7x1 que a Alemanha nos impôs com retumbante propriedade. Uma sova emblemática em vários aspectos, que tem suas causas e explicações em várias faces. Vejamos...
Dentro de campo, vimos um Brasil apático, perdido e sem poder reação. A escalação de Bernard no lugar de Neymar seguiu o esquema engessado, carente de variações, característica desse time de Felipão. Aliás, uma dupla como Felipão e Parreira não inspirava mesmo nenhuma expectativa de termos a imaginação como ponto forte. Pouco se viu de alterações táticas, alternativas para tentar minimizar a improdutividade de Fred, a apatia de Oscar, a ineficiência de Hulk e a omissão de Paulinho. Vimos apenas a troca de peças na mesma estrutura, sem, contudo, gerar qualquer melhoria. Sinal claro de que Felipão precisa rever seus conceitos. A panela, ou "família Scolari", funcionou em 2002, mas não na Copa em casa. Um requisito básico em qualquer atividade é saber ler o cenário para tentar se adaptar à realidade. Felipão, por arrogância, teimosia, burrice ou tudo junto, atrelou-se ferrenhamente ao esquema que ganhou a Copa das Confederações, alienando-se das evidências do resultado de dentro das 4 linhas.
O sucesso na Copa das Confederações deu a Felipão a certeza de que o "motivacional" faria o time funcionar. Hino à capela, "vamos lá Brasil", comemoração com a torcida e gestos ufanistas seriam a nossa arma para vencer os adversários. Funcionou até pegarmos um time mais equilibrado e controlado. A Alemanha soube se comportar em campo e não demorou para abrir o placar, o que gerou a conhecida falta de controle emocional do nosso time. Como vimos ao longo da competição, o Brasil toma um gol e se perde! É um perereco até as coisas começarem a entrar nos eixos. Mas aí veio o segundo gol e a casa caiu de vez - ou, "das Haus fiel". Impressionou o modo como o time de amarelo amarelou, perdeu-se em campo e assistiu, catatônico, o escrete alemão desfilar e enfiar 5 gols no primeiro tempo. Nada funcionou do lado canarinho...
Antes da Copa, lembremos, a dúvida era se deveriam chamar Henrique ou Miranda como zagueiro reserva. Nada mais que isso. Luiz Gustavao já estava aceito. Fred era nossa melhor opção com a 9 - apesar de Alan Kardec ter aparecido bem. A zaga era inquestionável, com os dois melhores defensores do mundo. Bem, o fato é que Felipão realmente escolheu o que temos de melhor, só que o nosso melhor está aquém do que estamos acostumados a ver como representantes do país do futebol. Reflexos inevitáveis do que se pratica em terras tupiniquins, claro. Já se vê na imprensa o que se percebe em campo: não temos um legítimo camisa 10, aquele que comanda a meiúca e acha os espaços para colocar a bola açucarada para o atacante em penetração. Não temos um atacante matador, como já foram Romário, Ronaldo, Jairzinho. Nossos meios-de-campo só sabem marcar, roubar a bola. Quando muito, jogamos na base do chutão para frente, esperando que Neymar resolva o problema. É muito pouco para quem se acostumou a ser chamado de país do futebol. Somos menos que a sombra do que já ousamos ser.
Essa mudança para pior se deve, fundamentalmente, ao futebol praticado por aqui. Nossos times não mantêm suas revelações, contratadas por fortunas oriundas de times endinheirados, nossos treinadores são pressionados por resultados rápidos e, para evitar riscos, armam esquemas defensivos acéfalos e carentes de inspiração. Os cartolas, por sua vez, cedem à pressão das organizadas e dos corneteiros de plantão, rebolando para manter o apoio da torcida, o que implica na dança de técnicos a cada mínima sucessão de derrotas. Para coroar, o amadorismo impera absoluto nas hostes de cartolas que administram os clubes. Acima deles, uma CBF repleta de vícios e opacidade, que nos impede de saber como as artimanhas lá vicejam.
Uni-vos torcedores, cidadãos, profissionais do esporte. Não é hora de ceder à tentação banal de "intervir" no futebol para gerar mais um fardo a ser pago com dinheiro público. É hora de Bom Senso, de responsabilização de quem toma as decisões.
Jogadores solidários a Neymar: se ele não joga, ninguém joga!

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