14 dezembro 2013

Cariocada

O "imbroglio" em que se meteu o Campeonato Brasileiro de 2013 representa bem a falta de profissionalismo eo  excesso de burocracia que nos dominam. Pelo que se sabe até agora, Lusa e Framengo teriam escalado jogadores de forma irregular, pois eles teriam sido condenados a cumprirem um jogo a mais de suspensão em razão de admoestações em jogos anteriores - ainda que em torneio diferente, no caso do atleta rubro-negro. Até aqui, nada a contestar. Afinal, se as regras não servirem para serem seguidas, não precisamos das regras. Se esses fatos se confirmarem, e, até aqui, parece que é isso mesmo, os times perdem 4 pontos cada e a Lusa é rebaixada à Série B, no lugar do Fluminense.
Ai é que começa a gritaria. Com um mínimo de razão e excesso de paixão e de ignorância.
A razão em reclamar se dá no âmbito da surpresa em vermos como a competição mais importante do esporte mais popular do país tem de ser resolvida fora de campo, por conta de uma mancada infantil de uma equipe que participa do certame e, em tese, conhece as regras a que se submeteu. Tem algo errado...
A ignorância fica por conta daqueles que querem que o Tricolor jogue a Série B, independentemente do que a Lusa tenha feito. Isso também não é certo.
Temos que tentar entender o que aconteceu e arrumar para que não se repita. Até onde se deu a conhecer, o processo de "julgamento" dos jogos é, no mínimo, uma burrice, para não dizer que é uma arapuca para servir a interesses. Funciona assim: os times jogam num final de semana e o que ocorre nessas partidas é julgado na sexta-feira subsequente, com o resultado sendo publicado no primeiro dia útil, ou seja, a segunda-feira, quando os jogos do final de semana já aconteceram e são influenciados por este julgamento. Pior, o julgamento é à noite! E a regra diz que "as decisões do STJD se cumprem imediatamente". Assim, os clubes se veem obrigados a seguir, no sábado e no domingo, as decisões proferidas na sexta à noite, que serão publicadas na segunda - depois dos jogos, portanto. Ou seja, se a decisão é proferida e o clube entendeu errado ou se foi mal proferida ou se foi decidido "A" e publicou-se "B", está criada a confusão. Muito fácil para criar fatos passíveis de contestação. Uma regra burra ou uma regra criada para possibilitar que alguém dê uma mancada? Como a CBF e o STJD fica no Rio, eu não acredito em inocência. Acredito numa "cariocada": os cariocas viram uma oportunidade para salvar um dos clubes rebaixados, no caso, o Flu, e agiram rapidamente para tal. Tudo dentro da legalidade nesse cenário de regras mal feitas. Ainda, para manter o ar de imparcialidade e criarem argumentos de defesa, tiram 4 pontos de um time do Rio, que também deu mancada, mas que não sofre nada a mais com a punição. Deu azar a Lusa em confiar num advogado mambembe, que já ameaça (com certa razão) em ir à justiça comum para não cair. Prevejo dias difíceis para o futebol brasileiro.
Muito mais fácil seria fazer como na Itália: nada de tribunais e lenga-lenga: os jogos do final de semana são TODOS julgados na terça, onde o árbitro da partida define as punições de cada expulsão de acordo com critérios previamente estabelecidos e acabou! Dá tempo de publicar as decisões e sem chance para melar nada.
Ficou barato
O Trétis reclama, mas a punição ficou barata. Como mandante, o clube tem a obrigação de prover a segurança para o jogo, coisa que o Atlético neglicenciou. Sabedor da ausência da PM catarinense no estádio, apelou para 80 seguranças desarmados em um jogo de alta periculosidade. É ou não é dar muita chance para o azar?
A Lusa vai pagar o pato?

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