28 dezembro 2012

Novelas

Chegado o fim do ano, vem o período de vazio existencial na vida do ser humano do sexo masculino, já que o futebol escasseia, na telinha ou fora dela. Instala-se o ócio improdutivo, o compasso de espera até que recomecem os torneios nacionais de menor expressão e as fases decisivas das competições europeias. O futebol é, como ouvi esses dias, a "novela masculina". Fiquei a pensar na afirmação e me dei conta que faz sentido. Reúnem-se os mesmos ingredientes das novelas, com a única diferença do final desconhecido, já que não há um "novelista" para escrevê-lo.
Há toda a fase de apresentação das personagens, que vão estreando nas rodadas iniciais, quando os "atores" se revelam e começam a tecer a trama na qual todos vão se enredar. Há os capítulos, as rodadas, nas quais as tramas vão crescendo e se tornando mais complexas, mais interdependentes, formando a história do certame. Há os diversos contos paralelos, com cada clube tendo o seu próprio argumento, capítulo após capítulo. Há os dramas, tais como as trocas de jogadores, as oscilações de cada time ao longo do campeonato, a ausência dos jogadores vitais, seja pelo DM, seja pela Seleção, seja pela venda precoce. Há o elenco principal, traduzido nos craques espalhados pelos times que disputam o certame. Os grandes craques se revestem de maior importância, sendo os astros, com os coadjuvantes de menor importância e as revelações que surgem a cada nova temporada. Há os vilões, que podem ser os jogadores que cometem suas gafes, como a perda de gols feitos, cobranças de pênaltis desperdiçadas, frangos inenarráveis ou comportamentos inaceitáveis. Também podem ser os árbitros, que acabam sendo detestados por todos, muito embora nem sempre possam ser condenados. Há a mocinha a ser salva, que não é o Rycharlysson, claro, mas a taça, cortejada por todos, que sera acalentada pelo vencedor e aclamada pela multidão de seguidores. Bem, menos no caso dos times de menor torcida, como o Botafogo, por exemplo. E também há os herois. Os artilheiros, que desanuviam as partidas, os goleiros milagreiros, que catam as bolas impossíveis, os salvadores da pátria, que fazem o lance de suas vidas - vide Beletti no Barcelona.
Ao final, sobram os créditos e a apresentação do elenco principal, com a eleição da seleção do certame e a entrega do prêmio na brega organização da CBF. Enfim, não somos assim tão diferentes...
Acompanhamento de cada capítulo...

Nenhum comentário: