01 maio 2012

Gandulas

A mais nova polêmica no futebol tupiniquim não se dá no gramado, mas no entorno. Mas especificamente, com os gandulas, que são alvo de discussão acerca de seu ofício e suas atitudes. "Gandula" ou "apanha-bolas", como dizem os patrícios, é a pessoa responsável por buscar as bolas que são jogadas para fora do campo em uma partida de futebol. A função surgiu depois da construção do Maracanã, pois as bolas que caíam no fosso precisavam ser apanhadas por alguém. A origem do nome brasileiro também é antiga e curiosa: reza a lenda que, em 1939, o Vasco da Gama trouxe da Argentina um atacante chamado Bernardo Gandulla. Ele nunca se adaptou ao modo de jogar do time (o que não é surpresa em se tratando de Vaishco) e não chegou a ser escalado. Tentando mostrar utilidade para o grupo, Gandulla corria atrás da bola para devolvê-la, quando ela saía do campo. Uma nobre característica sua era buscar as bolas não apenas para seu time como também para o adversário, demonstrando uma das primeiras e mais bonitas manifestações do fair play. Sua atitude ganhou a simpatia da torcida e, após seu retorno para a Argentina, seu nome passou a ser referência para os que apanham as bolas que saem do campo. Via de regra, os gandulas são alocados nos jogos pelos mandantes, porém, dependendo do jogo, as Federações é que se responsabilizam pelos repositores de bola, a fim de evitar que aconteçam favorecimentos.
O bafafá acontece depois que gandulas do Beira-Rio e do Engenhão tiveram destaque. No estádio de Porto Alegre, os repositores colocam a redonda no lugar para a rápida cobrança de escanteio a favor do Inter, o que acaba surpreendendo a desatenta defesa adversária. Nada de errado nem de ilegal, apenas a reclamação de que o mesmo deveria acontecer quando é o adversário que vai para a reposição da bola em jogo. Reclamação que Luxa, como sempre, levou a extremos, entrando em ríspida discussão com o gandula, o que lhe rendeu uma justa expulsão para deixar de ser besta - o que não vai acontecer, claro.
Já no Rio, a professora de Educação Física Fernanda Maia, de 23 anos, teve atuação decisiva no primeiro gol da Estrela Solitária ao agilizar a cobrança do lateral em favor do Botafogo. De novo, nada de errado, já que essa orientação, segundo Gaciba, é seguida por todos os gandulas e em favor de ambos os times.
O fato é que o gandula está lá para entregar a bola rapidamente ao jogador que a reporá em jogo. Se isso acontece sem benefício a um dos lados, fica tudo certo. Talvez o melhor jeito para evitar desvios seja a Federação local se responsabilizar pelos gandulas, tirando do time mandante a escolha desses auxiliares e prezando pela imparcialidade do jogo.
Foto: Reprodução Internet
A gandula botafoguense que bate um bolão
(Fonte: O Dia online)

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