08 abril 2011

Briga doméstica

O Flu foi ao Uruguai e perdeu. Manteve mais a bola nos pés, criou uma chance ou outra de balançar o barbante, mas tomou dois gols bestas e complicou de vez sua situação na Libertadores. Mas, pior do resultado em si, que já foi bastante ruim, é ver que o time não rende em campo. Conca, Fred, Deco, que sabem jogar, estão fora de sintonia. Há algo de podre no reino das Laranjeiras.
Lendo as notícias de bastidores e somando aos últimos acontecimentos, percebemos que a menor das preocupações dos homens de bem no mundo do futebol não é o placar, mas o que acontece nas salas da sede mais bonita do Brasil, quiçá do mundo. A nova diretoria do Fluminense parece estar se bicando com o patrocinador, a Unimed, que muito investe no Tricolor - de que forma, exatamente, não se sabe, tampouco se esses investimentos são realmente saudáveis para o clube - levando às suspeitas de fim de festa.
Lembremos que Muricy saiu logo após a demissão de um membro da diretoria, muito ligado ao futebol. Um primeiro sinal de que havia algo estranho. O que se percebe, agora, é que o "climão" entre o clube e o patrocinador se reflete em campo, pois os atletas, claro, ficam preocupados com seu futuro (leia-se "vão receber ou não").
Tudo indica que Peter Siemsem e seu grupo questionam o modelo de parceria entre Flu e Unimed. Longe de mim criticar essa postura, mas se o atrito gera tanta turbulência, há que se pensar no modo como isso é feito. Entre os atletas, comenta-se a falta de experiência da atual diretoria no futebol, o que nos leva a crer que Siemsem, por melhor intencionado que seja, pode estar pecando pela falta de trato com os atuais atores desse cenário. Imaginando que seja por uma boa causa, ou seja, melhores resultados para o clube nessa relação com o patrocinador, a desavença coma Unimed não pode ser abrupta, pois o Tricolor,como se sabe, depende da grana que a cooperativa médica enfia lá.
E se o modelo está sendo questionado pelos atuais mandatários, temos que relfetir sobre como ele foi construído ao longo desses 11 anos. O presidente da patrocinadora do Fluminense, Celso Barros, já não vive mais seus dias de unanimidade no clube, onde o confronto constante de ideias com o grupo político da direção, a Flusócio, vem minando o relacionamento entre os dois. Enquanto Celso Barros já enfrenta resistência dentro da própria Unimed-Rio, Peter começa, de forma informal, a buscar outras possibilidades de patrocínio para 2012, o que não será nada fácil, dada a fragilidade financeira do clube carioca.
De todo modo, não podemos nos esquecer dos papéis de cada um. Enquanto a Unimed for a patrocinadora e o Flu o patrocinado, tudo bem. Porém, quando vemos que o representante da patrocinadora tem ingerência no clube e apita mais do que o clube em contratações, estratégias e decisões, é porque algo está errado. Assim, apesar de dolorosa, talvez a ruptura com o status quo pode vir a ser benéfica para o clube no longo prazo, desde que seja bem conduzida e não sem um alto preço a ser pago. Se Siemsem pode fazer, só o tempo dirá.

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