09 fevereiro 2009

Tempos modernos

Muito se elocubra acerca de como seriam os craques do passado jogando atualmente. Alguns defendem que, com a marcação acirrada, com a maior disposição física e, conseqüentemente, menos espaço, Pelé, Garrincha e cia. teriam menos projeção, despontando com menos intensidade. Outros, dizem que o craque saberia contornar essa dificuldade, pois craque é craque.
Acho que a segunda 'linha' é romântica demais. Verdade que os craques só se consagraram por terem contornado os problemas da época com a maestria que o talento lhes conferiu, mas achar que só isso basta é reduzir a competição a termos muito rasos.
Hoje, o que se percebe, é que o vigor físico é muito mais importante que há 10 ou 15 anos. Se compararmos, por exemplo, o Falcão de 82, que era um atleta modelo, de grande capacidade aeróbica, com o Cristiano Ronaldo, veremos que a diferença física é enorme. O português é muito superior ao brasileiro. A comparação é até covardia...
O atleta de futebol atual não é só o cara que corre o campo todo. Além disso, tem de ter uma explosão muito acentuada, o que não era comum nos tempos da Seleção Canarinho que encantou o mundo a partir da Espanha. Virou um 'atleta de alto desempenho', não mais apenas um cara que corria bem e sabia bater no melão.
O preço que vemos ser pago é a precodidade da queda, a efemeridade do tempo de vida útil do atleta. Fica cada vez mais comum o caboclo aparecer jogando bem, ganhar massa, passar uns dois anos no topo e cair abruptamente, dando lugar à bola da vez. Antigamente, os atletas ficavam mais tempo no topo e não dá para dizer que é apenas por conta do talento quem vem minguando. Ronaldo Gaúcho, que foi um artista durante uns bons dois anos, hoje é pálida sombra do que já foi.
Claro, há um outro fator que não havia: a extrema valorização do jogador de futebol. O craque de hoje ganha milhões em um contrato, tem compromissos comerciais extensos e diversificados, virou uma empresa ambulante, como já disse o virgem Kaká. Com isso, penso, cai o interesse em manter o ritmo, já que a vida está resolvida.
De todo modo, temos que aprender a lidar com o revezamento mais frequente no topo da lista. O ciclo de renovação é cada vez mais curto, obrigando a uma renovação mais rápida.
O consumismo moldou também o mercado de craques da bola...

3 comentários:

BRASA disse...

VOCÊ SÓ ESQUECEU DE CITAR O PELÉ, QUE, DENTRO DO SEU RACIOCÍNIO, FOI, TALVEZ, O PRIMEIRO BOLEIRO A SE PREOCUPAR COM O FÍSICO, DE VERDADE. O CARA ERA UM ATLETA, ACIMA DE TUDO.

Bruno disse...

Pois é...O Negão fazia os 100 m em 11 segundos e tinha uma impulsão fora do comum. Quanto ao Cristiano Ronaldo o físico dele pode ser até melhor que o Falcão, mas a máscara é enorme o que atrapalha bastante...Não irá além disso.

Rômulo disse...

O Pelé não foi o único... Tel6e era exemplo, assim como Zico também o foi... Há vários jogadores que foram baitas atletas, de acordo com as práticas e conhecimentos da época. A diferença é que hoje o nível de exigência é muito maior. E tem de ter preço. Algo tem de ser sacrificado em prol da força física. Aparentemente, é a longvidade.