17 janeiro 2009

A mística

No futebol, assim como em todas as atividades humanas, há um espaço grande para a superstição, para as crenças, para os dogmas. Desconfio que estejam associados com o aspecto lúdico e sonhador do esporte, que é justamente a parcela mais atraente do espetáculo.
No Brasil, assim como na Argentina, temos a "mística da camisa 10", derivada dos dois maiores nomes do futebol mundial, que usaram esse número às costas e marcaram a 10 como sinônimo de craque. Não à toa, essa é a camisa mais disputada nas peladas. "A 1o é minha", brada sempre o 'dono do time' ou o mais falastrão, como o Digão ou o Cássio.
Situação similar vemos na Inglaterra, por exemplo, onde a '7' é a disputada, por conta das gandes partidas de Bobby Charlton e Brian Robson. Quem pensou em Cristiano Ronaldo ou Beckham, tem muito que aprender ainda...
Essa associação, claro, cria uma grande identificação com a torcida. O craque passa a ser reconhecido pelo nome e pelo número. Pelé seria o mesmo sem a 10? Garrincha sem a 7 seria tão genial? Seguramente, sim. Mas as camisas, não...
Que o digam os marqueteiros, que hoje faturam incontáveis somas apenas vendendo as célebres camisas dos craques. 10 entre 10 camisas corintianas vendidas atualmente são a '9' do Fenômeno.
Mas, e hoje? Quem é o melhor '10', o craque? Em tempos de nivelamento por baixo, de escassez de craques, de saída cada vez mais precoce das promessas do ludopédio, fica mais difícil a associação do ídolo com a torcida.
As apostas são poucas...
Talvez o mais confiável seja Hernanes, meia-cancha do São Paulo que fez uma boa temporada em 2008 e tem tudo para ser o destaque em 2009 também. Principalmente pela concorrência não tão acirrada... Mas quem é que diz que ele fica até o final do ano por aqui?
Outro nome de peso é Conca, do Tricolor. Jogador raçudo, de boa técnica, assumiu a 10 do time das Laranjeiras e mobilizou torcida e diretoria, que fizeram de tudo e mais um pouco para manter o argentino. Muito embora ele seja um bom jogador, não é do tipo que chama a responsa. Precisa de alguém do lado para dar resultado.
O Framengo aposta em Zé Roberto, ex-Buá-tafogo. Neguinho esforçado, tem fama de encrenqueiro. Mas, como não sabe chutar e marca poucos gols, é uma aposta fraca.
Promessa é Douglas, do Curíntia. Meio campo que sabe armar jogadas e tem visão de jogo, vai experimentar jogar na vitrine, após um estágio na segundona. Se superar a preguiça, pode se dar muito bem.
O Peixe vai de Lúcio Flávio, que já mostrou que sabe jogar. Só que mostrou isso há bastante tempo... Mais, digamos, 'maduro', pode esbarrar na falta de vigor físico para ser o craque do time. Aliás, craque mesmo, nunca foi. Dificilmente será agora...
O Vaishco vai para a segundona e joga suas fichas em um Camisa 10 para lá de 'segundo time': Carlos Alberto! Jogador polêmico, que nunca se firmou por onde passou, criando todo tipo de encrenca. Noves fora o comportamento, em campo nunca foi lá grandes ostras. Carta fora do baralho.
No Cruzeiro, Wagner se mantém como referência. Jogador habilidoso e inteligente, costuma cair de rendimento, ficando com a pecha de promessa que não se cumpriu.

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