17 março 2013

De quem é culpa?

A violência nos estádios é o assunto da moda. Depois do bafafá corintiano em terras bolivianas, onde até morte houve, o tema virou o tema central do futebol. E ganhou força com a proximidade da Copa do Mundo a ser realizada em terras tupiniquins e o evidente despreparo local para lidar não só com a violência das torcidas dentro dos estádios, mas também fora deles. Afinal, não são incomuns as quebradeiras de ônibus, lojas, estações-tubo (no caso de Curitiba) e demais alvos dos infames vândalos. Sim, esses meliantes não passam de vândalos, seres bestializados pela ignorância e pela falta de cumprimento de regras mínimas de convívio social. A causa disso, pelo menos em parte se deve, claro, à péssima civilidade do cidadão médio brasileiro. O que não explica tudo, pois há violência também na Europa, onde o quadro é bem diferente. A diferença é que lá a reação foi pronta e eficaz. Não é que se tenha eliminado a violência, lógico, mas reduziram-na a um patamar bem aceitável. Pelo menos não se noticiam eventos como o que ocorreu no Estádio do Heysel, na Bélgica, em 85, na final da Taça dos Campeões Europeus, entre Liverpool e Juventus. Há, ainda, alguns casos de racismo, mas que não são de violência, no sentido de pancadaria mesmo. E esse controle não veio de graça, lógico. Foi fruto de medidas enérgicas adotadas em toda a Europa - com ênfase na Inglaterra, onde são mais brigões. Filmagem da torcida para identificação de arruaceiros, prisão e julgamento de baderneiros, com foto e registro para restrição de acesso são algumas delas. Obviamente, isso tudo só funciona com polícia em volta mantendo o barraco em ordem. E para descer o cacete quando precisar, claro. Por aqui, só tem a parte final, a da polícia dando porrada. E mal. São insuficientes, com pouco preparo e equipamento deficitário. Mal conseguem conter os mais exaltados dentro do estádio e nas ruas ao redor. Passou de 3 quadras, muda de figura. Além de não haver o menor controle sobre quem promove as brigas, esses são, em geral, de alguma forma envolvidos com os clubes por meio das torcidas organizadas - um eufemismo para "bando de vadios que querem moleza para assistir os jogos e promover baderna com o intuito de defender uma suposta honra futebolística". Os cartolas geralmente se aproximam desse bando, quando não são coagidos pelos "torcedores organizados", com o intuito de alguma maracutaia. Seja para ter algum cacife junto ao clube, seja para manter certa paz, os mandatários cedem algumas benesses às tais torcidas, geralmente com entradas na faixa, acesso preferencial ao estádio e às dependências do clube e outras merrecas similares. Penso que enquanto o clube não for responsabilizado, o abacaxi não se descasca. Se pararmos para pensar, o jogo é um evento particular, organizado por uma entidade privada e disputado por clubes que são privados. Assim, fico pensando por que diabos a polícia é quem deve fazer a segurança dentro do estádio, para começo de conversa. Dá para aceitar que se controle as vias públicas, afinal, como o nome diz, são públicas mesmo, mas a atuação dentro do estádio deveria ser da responsabilidade do dono da birosca e dos organizadores do evento (federações ou a CBF). E essa responsabilidade se estenderia aos efeitos do jogo. Assim, se os abilolados depredam vias públicas, que o clube ressarça a sociedade. Se há quebra-quebra em lojas, o clube que pague o prejuízo. Se neguinho jogou rojão dentro do estádio, o clube tem de ser punido. Enquanto os clubes forem tratados como isentos de suas responsabilidades, como se fossem imberbes, o torcedor assim o fará também. Afinal, regras similares já valem para outras atividades que assumem sua parte dos efeitos que causam à sociedade, não? Então...
É a polícia que tem que conter os enfurecidos?

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