30 setembro 2012

Arigatô, Framengo!

Na 27ª rodada do Campeonato Brasileiro, o líder Fluminense abriu 6 pontos de vantagem sobre o Galo, segundo colocado, estabelecendo a maior distância entre o primeiro e o segundo posto até então. Faltando 11 rodadas para o encerramento do certame de 2012, o Tricolor das Laranjeiras consegue uma inusitada folga, credenciando-se como favorito ao caneco. Mas, ainda é cedo para se decretar algum prognóstico, já que estão em disputa 33 pontos de um campeonato razoavelmente equilibrado e o Fluminense não vem jogando bem. Ganhou do Framengo "com as calças na mão", como disse Marcelo Tschumi, levando um sufoco danado no segundo tempo. E tem sido assim em vários jogos, como contra o Coxa, contra a Lusa, onde o Flu venceu sem grandes méritos. Não que o time seja ruim, até pelo contrário, mas é que maré de sorte tem fim, e a do Flu tem durado bastante. Basta perceber a importância de Diego Cavalieri na campanha Tricolor, salvando a lavoura recorrentemente. Estatisticamente, a sorte deve estar no fim, mas, pelo menos, durou o suficiente para encaçapar o rubro-negro duas vezes!
O Framengo é que revela uma ascensão abrupta dentro de campo. De time desacreditado, candidato a receber Adriano, o elenco da Gávea acordou e passou a se comportar melhor em campo. Muito dessa boa fase deve ser creditada a Vagner Love, único jogador de verdade do time, e ao apoio da torcida no Engenhão, que tem feito o grupo se superar e correr o campo todo. Mas, vamos combinar que ainda falta muito para achar que está salvo, pois o time está mais próximo da ZR que da Libertadores.
Na briga pelo rebaixamento, o Coxa se aproxima assustadoramente da ZR. Com a recuperação do Palmeiras e o distanciamento de Bahia, Náutico, Framengo e Ponte Preta, o time do Alto da Glória vê suas chances de escapar minguarem radicalmente. Passa a brigar contra Sport e Palmeiras contra as duas "vagas" remanescentes, já que Figueira e Atlético-GO estão na Segundona. E o alviverde paulista tem camisa e, claro, influência. Se pintar a oportunidade, o apito amigo não vai se jogar contra o Palmeiras em prol do Coxa, isso é fato. Assim, o time paranaense vai ter de lutar com unhas e dentes, de novo, para não se aproximar do buraco , além de torcer pros de cima tropeçarem. O difícil, nisso tudo, é contar com o sofrível elenco. Ruim por ruim, o Palmeiras também é, só que é "time grande".
Você sabia?
O jogador Valderrama, mundialmente conhecido por sua cabeleira possui uma estatua em tamanho real na cidade de Santa Marta em sua homenagem. O detalhe é que a cabeleira também é em tamanho real!
As imagens de Flamengo x Fluminense - (Foto:Cleber Mendes)
Fred manda aquele abraço à torcida do Framengo!
Foto: Cleber Mendes

2 comentários:

Diário de Bordo disse...

Era Carlos Castilho, segurando uma bola, mirando o infinito. A estátua do maior goleiro da história do Fluminense. Recordista de jogos pelo clube. Atuou 696 vezes. Foi goleiro de Seleção, esteve em várias copas do mundo. Castilho escreveu sua lenda com um dedo a menos. Sacrificou parte do corpo pensando no Fluminense. Havia machucado o mindinho da mão esquerda e o departamento médico projetou pelo menos dois meses parado. Era muito. Amputou parte do dedo e duas semanas depois estava em campo.

O busto de Castilho nas Laranjeiras
Numa de suas primeiras entrevistas, Cavalieri falou do busto, da história do dedo e do orgulho e responsabilidade de vestir a mesma camisa de Castilho. O menino Diego nascera no Palmeiras, outra escola fantástica de goleiros, viajara para a Europa e, com calma, buscava retomar o sucesso. Começou a jogar, teve altos e baixos, foi barrado, vaiado, voltou a ser titular e aos poucos se tornou, simplesmente, o melhor goleiro do Brasil.
E veio o Fla-Flu. Mais um Fla-Flu. Disse-me certa vez velho tio: “todo Fla-Flu é importante”. E o deste domingo era tão importante que Fred quis ser protagonista fazendo um gol de video-game. Não só ele. A trave andou querendo sair na primeira página. Tentou duas vezes. Depois veio Cleber Santana. Por um triz não iniciou uma possível virada rubro-negra. Todos queriam brilhar no último Fla-Flu do centenário. Veio intervalo, foi intervalo. Sob as traves do Engenhão, Cavalieri, o mármore, mantinha sua frieza e acumulava uma defesa salvadora num chute de Ibson a centímetros do gol.
Mas Vagner Love também queria os holofotes, e assim como contra o Atlético Mineiro, tentou estrelar mais um golaço de bicicleta, no mesmo canto, do mesmo jeito, mas do lado oposto do campo. Cavalieri se antecipou e levou um chute no pescoço. Na goela. No gogó. Não perdeu o dedo. Mas perdeu a voz. Tossiu. Caiu duas vezes. E continuou.
Impediu Nixon de fazer um golaço de cabeça, voando e espanando a bola céu acima. A voz ainda rateava. A inusitada dor da garganta persistia. E veio o pênalti.
Escurecia no estádio quando Bottinelli pegou a bola e correu com a característica frieza argentina na hora das decisões. Inútil. Tão frio quanto uma estátua, Cavalieri saltou no canto certo e evitou o empate.
O Flamengo se superava. Atacava. Com menos um. Mas Cavalieri e Castilho já haviam decidido, desde a primeira vez em que se viram, que nenhuma bola beijaria a rede tricolor na tarde de 30 de setembro.
Houve cinco minutos de acréscimos. Cinquenta fossem e nada aconteceria. Veio o apito e com ele uma vitória fundamental do Fluminense. Autor do gol de primeira página, Fred correu para parabenizar o goleiro. A zaga idem. Rafael Sóbis também. E o que encontraram? O mármore Cavalieri. Sem pular, sem mostrar os punhos, sem berrar. Rezou. E pendurou-se alguns segundos na rede. Antes de descer para o vestiário, deu entrevista. Rouco, ainda preocupado com as conseqüências do chute involuntário de Vagner Love no seu pescoço, manteve a serenidade. E não creditou a si a vitória tricolor.
Nas Laranjeiras adormecida, o porteiro, incrédulo, jurava ter visto uma estátua sorrindo.

Diário de Bordo disse...
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