Retrospectiva 2010

Copa do Mundo, Mundiais de Vôlei e de Basquete, Rafael Nadal, Fabiana Murer... Estes foram alguns dos eventos e personalidades esportivos que atraíram os olhares de todo o planeta neste ano. Como manda a tradição, as retrospectivas de fim de ano tomam conta dos últimos dias de dezembro. Os fatos mais marcantes seguramente ficam na memória e perduram nos comentários e suscitam discussões. A ordem não está vinculada à relevância, mas, seguramente, a Copa do Mundo é a que desperta as maiores paixões.

Copa do Mundo

Antes mesmo de 2010 começar, o planeta já esperava pela Copa do Mundo com muita ansiedade. O ineditismo de ser a África do Sul o país sede do maior torneio de futebol, fez com que o evento atraísse ainda mais os holofotes da comunidade internacional. Muitos apostavam na incapacidade de organização dos crioulos - assim como ainda se duvida da capacidade de realização da próxima. As seleções com maior tradição conseguiram alcançar as oitavas de final, com exceção da Itália, que está acostumada a certos tropeços. A seleção brasileira parecia estar no caminho para conquistar o desejado hexacampeonato, mas a Holanda, mesmo saindo atrás no placar, marcou dois gols e acabou com o sonho de mais de 190 milhões de brasileiros. E, assim, ficamos com mais uma 'Era Dunga' no currículo. Nas semifinais, os fatos inusitados. Holanda e Uruguai se enfrentaram. Alemanha e Espanha duelaram em busca da decisão. Resultado, depois de 24 anos a Laranja Mecânica estava novamente na final e encararia a Fúria, que pela primeira vez chegava à final de um Mundial. Em um jogo emocionante e decidido na prorrogação com um gol do espanhol Iniesta, a equipe do técnico Vicente del Bosque conquistou a Taça do Mundo, afastando, de uma vez por todas, o fantasma da derrota que assombrou a seleção da Espanha nas Copas anteriores.

Rafael Nadal

Em um ano praticamente perfeito, o espanhol alcançou e se manteve como o número um do mundo no ranking da ATP. Superando nos principais torneios da temporada seu rival e ex-líder da lista, Roger Federer, além de outros tenistas de expressão internacional. Mandou bem o caboclo! Depois de ter fracassado no Aberto da Austrália, o primeiro Grand Slam de 2010, Nadal iniciou sua série vitoriosa conquistando o título de Roland-Garros, em uma final emocionante contra o sueco Robin Soderling. Daí, o espanhol trocou o saibro francês pela grama de Wimbledon e, mesmo passando por momentos difíceis, faturou pela segunda vez o torneio inglês. Não satisfeito, o jovem tenista de 24 anos chegou como favorito ao US Open, apesar de nunca ter levantado a taça em solo norte-americano. Mas isso parecia uma questão de tempo. Na decisão, Rafael Nadal venceu o competente tenista sérvio Novak Djoković por 3 sets a 1, arrebatando o prêmio da competição e ainda mais admiração dos amantes do tênis. O tenista espanhol ainda atingiu o primeiro lugar no pódio dos torneios de Monte Carlo, Roma e Madrid. Isto, sem contar com o vice campeonato no ATP Finals, realizado em Londres, onde perdeu para Federer. Fato que não ofuscou a brilhante temporada.

Centenário do Timão

O Sport Clube Corinthians Paulista completou em 2010 cem anos de existência e, como não poderia deixar de ser, seus torcedores apaixonados lembraram desta data marcante durante todo ano, nos jogos, em festas e eventos promovidos pela diretoria do Timão. No início do ano, o Centenário do Corinthians foi tema da Escola de Samba Gaviões da Fiel, que entretanto, não conseguiu se sagrar campeã do Carnaval. Contudo, o foco dos alvinegros era a conquista da Taça Libertadores da América, título que o clube ainda não possui e continua sem. Mesmo com a equipe reforçada para a disputa e tendo feito uma boa primeira fase, o Timão encarou o Flamengo nas oitavas de final da competição. Na primeira partida o rubro-negro carioca venceu por 1 a 0. No segundo encontro, deu Corinthians por 2 a 1, mas com o gol do atacante flamenguista Vágner Love, o sonho do titulo continental ficou pelo caminho. Restava, então, a busca pelo Brasileirão. E o time até que foi bem. Foi líder, jogou bem por um período, porém na penúltima rodada perdeu a ponta para o Fluminense que acabou conquistando a taça. Apesar de não sair vitorioso em nenhum campeonato relevante em 2010, no dia da comemoração do Centenário do clube, 1º de setembro, a diretoria do Corinthians promoveu uma grande festa para a nação de torcedores que lotaram o Vale do Anhangabaú para festejar as glórias e reafirmar o amor pelo Timão. Imagine o budum que ficou no lugar!

Olímpiadas de Inverno

Definitivamente o Brasil não tem tradição, nem identificação com os esportes que precisam das baixas temperaturas para que possam ser praticados. Cá entre nós, são todos esportes meio bestas mesmo. Os Jogos Olímpicos de Inverno Vancouver 2010 atraíram a atenção, sobretudo com as imagens da morte do piloto de luge Nodar Kumaritashvili, da Geórgia, em um treino na pista principal dos jogos, com o seu trenó a uma velocidade superior a 140 km/h. Impressionou os milhares de telespectadores que acompanharam a cena em que ele é arremessado contra uma pilastra, após perder o controle na curva. A tragédia foi, inúmeras vezes, reprisada na TV.

Flu campeão

Em um torneio que beneficia a regularidade das equipes, a emoção também não foi esquecida. Na última rodada, três times ainda sonhavam com o título. O Corinthians teria que vencer o Goiás, no Serra Dourada, e torcer por um empate do Fluminense para ser campeão; o Cruzeiro tinha que superar o Palmeiras e esperar um tropeço do Timão e do Tricolor. Já para a equipe do técnico Muricy Ramalho, bastava uma vitória simples sobre o Guarani, no Rio de Janeiro, para acabar com um jejum de 26 anos sem um título nacional. E foi o que aconteceu. Aos 16 minutos do segundo tempo o meia Emerson,o Sheik, marcou para o Fluminense, o que seria ao final da partida o gol da conquista do Brasileirão. O argentino Conca foi escolhido o craque da competição e se tornou ainda mais ídolo da torcida tricolor. E o técnico Muricy Ramalho se consagrou, ganhando seu quarto título nacional nos últimos 5 anos de trabalho. Um belo ano que fechou a saga iniciada com a reação de 2009!

Mundiais de vôlei feminino e masculino

Há tempos o vôlei brasileiro vem desempenhando um papel de destaque no cenário mundial. Tanto na equipe masculina quanto na feminina o sucesso do trabalho tem se transformado em vitórias. E assim como em outros anos, 2010 ficará marcado na história pela conquista do tricampeonato mundial pelo time do técnico Bernardinho. Mais ainda por conta da 'entregada' para a fraca Bulgária, fugindo dos adversários mais difíceis nas quartas de final. Pegou mal o fato e pior ainda as negativas dos jogadores. Mas, a marmelada foi superada, a seleção não vacilou mais e seguiu firme para o caneco.

Já a seleção feminina foi ao Japão em busca do inédito título mundial. Fez uma campanha impecável, com vitórias em todos os jogos e chegou como favorita à final. Entretanto, mais uma vez, perderam para as russas, que apresentaram um vôlei mais coeso, vencendo a partida no tiebreak. Restou às meninas do Brasil o consolo da medalha de prata e o orgulho de ter 8 títulos do Grand Prix.

Fabiana Murer

Apesar de o atletismo brasileiro ter historicamente alguns (parcos) resultados expressivos em competições como Olimpíadas e campeonatos mundiais, a modalidade de salto com vara nunca havia ganhado espaço na mídia nacional até 2010. A paulista Fabiana Murer mudou a história. Neste ano, se tornou recordista sul-americana em pista coberta e descoberta com a marca de 4,82m. Mas o melhor ainda estava por vir. No Campeonato Mundial de Atletismo, realizado em Doha, Fabiana se tornou campeã, saltando 4,80 m na final da competição. Aproveitando a boa fase, a saltadora brasileira ainda venceu a etapa de Zurique do Meeting de Atletismo e conquistou o título da  Diamond League, principal série da Associação das Federações Internacionais de Atletismo. Fato que a igualou a outros nomes de sucesso como Maurren Maggi, Zequinha Barbosa, Robson Caetano e Claudinei Quirino. As marcas alcançadas por Fabiana Murer, neste ano, sendo que seu melhor salto alcançou 4,85m, a transformaram na 4º melhor saltadora com vara de todos os tempos. Segundo ela, 2011 deve ser ainda melhor em relação aos resultados obtidos na última temporada. Se for igual, já está de bom tamanho!

Mundiais de basquete feminino e masculino

Há muitos anos, o basquete brasileiro vem amargando derrotas e decepções dentro das quadras. No entanto, 2010 poderia ter reservado um lugar de maior destaque para as seleções masculina e feminina que participaram dos mundiais realizados na Turquia e na República Checa respectivamente.

Apesar da torcida, não foi o que ocorreu. A equipe dos rapazes comandada pelo técnico argentino Rubén Magnano fez uma primeira fase regular e se classificou na terceira colocação do grupo, o que colocou no caminho a rival Argentina nas oitavas de final. Em uma partida emocionante, e com um show do pivô Luis Scola os ‘hermanos’ venceram o Brasil por 93 a 89.

Já as meninas iniciaram o mundial da República Checa com uma inesperada derrota para a seleção da Coreia do Sul por 61 a 60. Fato que abalou o time comandado pelo técnico espanhol Carlos Colinas. Mesmo passando para a segunda fase do torneio, o Brasil não conseguiu encontrar o seu melhor basquete e encerrou sua participação com a modesta nona posição.

Sebastian Vettel

A temporada 2010 de Fórmula 1 certamente ficará na memória dos apaixonados pela velocidade por conta da acirrada disputa  pelo título do campeonato que foi decidido na última prova disputada em Abu Dhabi. Sebastian Vettel (RBR), Fernando Alonso (Ferrari), Mark Webber (RBR) e Lewis Hamilton (McLaren) chegaram à pista da capital dos Emirados Árabes Unidos com chances de vencer o mundial de pilotos, pois o de construtores já havia ficado com a escuderia Red Bull Racing, por antecipação, no GP do Brasil. Largando na frente na última corrida do ano, Vettel se aproveitou do circuito de difícil ultrapassagem, manteve a liderança e acabou se tornando o piloto mais jovem a conquistar o campeonato de Fórmula 1, com 23 anos. A Ferrari manteve a postura pouco esportiva, ordenando, no Grande Prêmio da Alemanha, que o piloto brasileiro Felipe Massa, então líder da prova, deixasse seu companheiro Fernando Alonso assumir a ponta e assim continuar na luta pelo título. Incidente que não foi repetido pela RBR no GP do Brasil o que possibilitou a conquista do mundial pelo alemão Sebastian Vettel. Bela lição de desportividade...

Sport Club Internacional de Porto Alegre

Para falar sobre o ano do Internacional precisamos dividir o assunto em duas partes, ou melhor, em duas trajetórias. A vitória e a derrota. O primeiro semestre foi marcado pelo foco na Libertadores da América, onde a equipe avançou as oitavas de final com uma campanha convincente. Na segunda fase da competição, o colorado enfrentou o Banfield, da Argentina. Em duas partidas disputadas, o time gaúcho venceu e foi às quartas onde encarou os ‘hermanos’ do Estudiantes da La Plata. Nas semifinais, o adversário da vez era o São Paulo e, mesmo conhecendo a tradição da equipe paulista, o Inter não se intimidou e chegou à final do campeonato sul-americano. Contra a equipe mexicana do Chivas, duas partidas tranquilas deram aos brasileiros o segundo título da Libertadores e o passaporte para o mundial de clubes. Cenário de festa para a torcida colorada. Começa, então, a parte dolorosa para a torcida de vermelho. Chegando a Abu Dhabi, como favorito a ir à decisão do torneio e cheios de confiança, o time do técnico Celso Roth tinha pela frente o Mazembe, da República Democrática do Congo. No entanto, a zebra apareceu e a equipe africana venceu a partida por 2 a 0; assim, colocando um ponto final no sonho do bi mundial, deixando o Inter com o maior mico da história do futebol internacional brasileiro de clubes.