06 agosto 2013

Nivelado, mas por baixo

Quem diria que o Galo, do alto dos seus 105 anos, poderia reverter o placar adverso contra o Olímpia e sagrar-se campeão da Libertadores, alcançando o Olimpo Sul-Americano e, por tabela, redimindo a legião de rejeitados que forma o elenco? Ronaldinho foi à forra, mas o fato é que seu desempenho ficou abaixo do esperado na reta final - assim como o do time todo. Decidir nos penais, após um gol salvador no final do jogo naõ é bem o que se esperava do time que jogou o fino da bola na primeira fase.
Quem diria que o outrora imbatível, bem-organizado e profissional São Paulo estaria em situação de confusão e instabilidade administrativa que levam o time à ZR4 do Brasileirão, preocupando sua torcida e seus jogadores mais experientes? Rogério Ceni, ídolo e ícone do clube, bate boca com dirigentes, ainda que com razão nos argumentos, mas talvez mostrando certo destempero e despreparo para quem quer assumir a cartolagem Bambi. E o time começa a se desfazer de contratações duvidosas, como Lúcio, que só fez desobedecer o desejo dos treinadores que com ele trabalharam no tricolor do Morumbi. Aliás, como é que Ney Franco, um sujeito calmo e com fama de bom treinador, sai tão mal falado? Um mistério ainda não explicado.
Quem diria que o Coxa, time com certas limitações técnicas, estaria jogando um futebol equiparável às outras equipes e cavando sua vaga no G4? Afinal, time que tem Júnior Urso não pode almejar uma colocação tão alta na tabela do brasileirão, não é? Ou pode?
Quem diria que o atual campeão bateria cabeça após a saída de Wellington Nem e perderia o rumo do futebol coeso e eficiente que levou a taça para as Laranjeiras? Ou a saída de um único jogador, ainda que com papel de destaque no esquema tático, explica tanta decadência?
Quem diria que os "coroas" dominariam o certame nacional, comandando seus times e mostrando um futebol vistoso, ainda que sem o mesmo vigor físico de outrora, mas consciente, sereno e até bonito? Juninho Pernambucano veio se juntar a Seedorf e Alex para liderar seus colegas dentro de campo. Sinal de que não temos mais novos talentos à altura? Ou apenas sinal de que a velha prática de vender os garotos continua valendo como sempre? Neymar foi há pouco para, quem sabe, brilhar no Barça. Bernard está de saída. Mas, quem fica? Quem será a nova revelação?
Quem diria que o Brasileirão 2013 seria tão equilibrado, mas nivelado por baixo? Afinal, não há um time a se destacar até o momento. Mesmo o líder Botafog carece de consistência. O Coxa, que liderou o certame até há pouco, já sabe que tem de se esforçar para beliscar um G4. O Santos se desmontou e, de quebra, ainda levou um vareio em Barcelona. O Inter e o Corínthians, embora teoricamente, fortes, precisam mostrar mais jogo. Enfim, temos equilíbrio, mas não temos viço.
A harmonia botafoguense resiste aos atrasos de salário?
Foto: Daniel Ramalho / Terra

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