02 julho 2012

Paradigmas

A Eurocopa terminou com uma final inesperada, já que a Alemanha, outrora favorita a chegar à decisão, sucumbiu à Itália em jogo atípico, em que a defesa tedesca entregou a rapadura duas vezes e fez a fama de Balotelli. Na decisão com a Espanha, entretanto, nada deu certo para a Azzurra, enquanto a Fúria jogou tudo que sabia, metendo logo um golaço aos 14min que pavimentou o caminho até o caneco inédito de bi-campeã da Europa. E já vem sendo comparada ao Brasil, pois também estabeleceu um paradigma no futebol, mantendo-se vencedora em 3 competições internacionais seguidas, superando a Seleção Canarinho, bi-campeã mundial em 58 e 62, porém vice na competição sul-americana de 59. E ainda quebrou o recorde de gols em uma decisão de Eurocopa. Com essa fama toda, não é de se estranhar os que exultem a Espanha como o "modelo" de futebol a ser copiado, ainda que isso seja mais velho que o próprio futebol. Fez-se o mesmo com a Itália de 82, em detrimento do futebol-arte do escrete Canarinho que encantou o mundo e ainda é lembrado. A Espanha estabeleceu a referência no futebol de toques curtos e da posse de bola, o que foi copiado pelos seus adversários. Todos, sem exceção, aumentaram seu número de passes durante a partida, principal característica da Fúria. Enquanto os espanhóis trocaram 450 passes certos na campanha vitoriosa de 2008, os italianos, tradicionalmente adeptos do futebol vertical, de contragolpes, realizaram a média de 485 passes por partida em 2012. A Espanha incrementou o nível com garbosos 652 toques por partida, bem longe da "vice" Holanda, com 509 passes. É de se esperar que o "estilo" seja copiado mundo afora, já que se mostra vencedor. Era esse o roteiro traçado para o selecionado de Telê, mas havia uma pedra no meio do caminho chamada Paolo Rossi.
Aqui, no Brasileirão, o Galo assume a ponta na 6ª rodada, para desespero dos gremistas que lotaram o Olímpico para vaiá-lo, do Bruno, que cantou de bacalhau antes do tempo, e dos framenguistas, ainda à volta com litígios com seu desafeto e ex-astro. Galo que tem um time bem meia-boca, a meu ver, mas que insiste em animar os torcedores, como o mineiríssimo Vinícius, que acredita em um "bom time do Galo", enquanto eu vejo um time que pode ser até aguerrido e voluntarioso, mas carece de maiores atributos técnicos. Times bons, penso, restringem-se a Santos, Bambis, Flu e Inter. O Curíntia corre por fora, com essa fase de dar tudo certo, e o resto fica em segundo plano. O Botafogo tenta um "factóide" para se exibir. A contratação de Seedorf cheira a mais um desses eventos midiáticos, cujo resultado fica bem abaixo das expectativas.
Na Libertadores, tudo ficou à feição pro Timão. O empate milagroso na Bombonera já é prenúncio de caneco em mãos erradas. A chamada "sorte de campeão" ronda o time dos manos.
E na Copa do Brasil, é hora do Coxa ou nunca mais. Ao encarar um limitadíssimo e contestado Palmeiras na final da competição, o time do Alto da Glória aposta suas fichas neste título para alcançar o Nirvana. Se falhar, sabe-se lá como fica o ânimo do time. Ano passado o vice não caiu muito bem.
Arriba, España!
Dominique Faget/France Presse

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