23 junho 2011

A América em branco e preto

O Santos Futebol Clube levou o terceiro título da Libertadores ao vencer o Club Atlético Peñarol e a geração Ganso/Neymar supera a de Diego/Robinho na história do clube, consagrando-se definitivamente e entrando para o cenário mundial. Afinal, a partida mais esperada do ano passa a ser a possível disputa pelo título do mundial entre os dois clubes mais badalados do momento: o Barça, reverenciado pelo mundo todo, e o Peixe, badalado na terra do principal expoente do ludopédio planetário. Dificilmente haverá um Mazembe no caminho do time brasileiro, já que a lição foi dada e espera-se que tenham aprendido. Porém, a questão é se o time se mantém até lá, pois o assédio sobre os craques aumentará e Ganso até já avisou que pretende sair. Neymar pai disse que o filho fica, mas veremos se repete isso diante de uma bolada de verdinhas na fuça.
Santos e Barça representam hoje, guardadas as proporções, o futebol mais artístico, mais lúdico, onde há espaço para o chamado "bom futebol", não tão pragmático, mas sem perder a objetividade. Bom para o futebol, que passa a ter bons modelos a seguir, pois são times vencedores além de virtuosos. Será a final da América em branco-e-preto contra a Europa em grená-e-azul.
O Santos fez uma boa campanha, facilitada pelos adversários não tão fortes, sobretudo na final, quando o ardido Vélez sucumbiu ao aguerrido (e pouco ofensivo) Peñarol. Deportivo Táchira, Cerro Porteño e Colo-Colo foram os adversários no Grupo 5, América do México o adversário das oitavas e o Once Caldas o das quartas de final. Voltou a enfrentar o Cerrro nas semi e chegou à final contra o Peñarol. Após um primeiro jogo fraco, de placar inalterado, o segundo, em casa, foi melhor. Pudemos ver a ampla superioridade do time brasileiro frente à limitação da equipe uruguaia, que se restringiu a explorar as bobeadas do time brazuca. Quando este se encontrava, virava jogo de ataque contra defesa. E o destaque santista foi o trio Ganso-Neymar-Arouca. Ganso é o coordenador da equipe, o cara que levanta a cabeça e põe a bola no lugar certo para que a jogada apareça, o cara que orienta o time e é a referência para os demais. Quando ele joga, o time tem personalidade e arte. Neymar é o astro, o cara que dribla, aparece, vai prá mídia, marca gols e incomoda mais que sapato apertado. Foi o principal jogador da campanha santista e é o mais visado na marcação. Arouca é o carregador de piano que sabe tocá-lo. Marca, mas sai bem para o jogo. O gol de Neymar na final é o exemplo típico dessa harmonia: Arouca rouba a bola, avança e toca para Ganso, que devolve num toque magistral, criando a jogada para Arouca, que rola a bola para Neymar concluir. Estava aberta a porta para o terceiro título sulamericano do Peixe.
Muricy também sai como vencedor, mais uma vez. Ao ganhar um torneio regional, acaba com o estigma que parcela mais ranheta da mídia e da torcida ainda teimava em manter. Depois de um fracasso com o São Caetano e três com o São Paulo, Muricy leva o caneco e hoje, é, sem dúvida, o treinador mais respeitado no futebol, alcançando o patamar de Luxeba dos tempos de Palmeiras - mas acho que com mais caráter (também, não precisa de muito para isso) e mais estofo que o comedor de manicures.

PS
* alguém me explica como um imbecil desses é eleito vereador?
* texto-verdade de Aírton Cordeiro

2 comentários:

Coxinha disse...

Zoinho:

Esta final da Libertadores foi um Lixo. O primeiro gol do Santos foi um frangaço do goleiro. O time do Penharol, concordo com você, é fraquíssimo. O único gol que conseguiram foi marcado pelo zagueiro do Santos. E o que você me diz da pancadaria no final, organizada por um torcedor do Santos? Para mim deveriam punir o Santos a jogar no mínimo umas 50 partidas em Joinville!!!

Saulo disse...

Enquanto Boca e River não se acertarem, a Libertadores será decidida (e vencida) por times brasileiros. Os demais são muito ruins, inclusive os argentinos que sobraram pra disputar a taça.
O título está em excelentes mãos, eis que o Santos joga o fino da bola. Aliás, ao lado de Barcelona e Vasco, são os três melhores elencos do mundo.