06 dezembro 2010

Das 3 cores que traduzem tradição

Em 12abr61, o major soviético Yuri Gagárin realizava o primeiro voo orbital de um ser humano. De lá, a 7 km de altitude, com panorama privilegiado, pôde vislumbrar o planeta de forma até então impensada e pronunciou a célebre frase: 'A Terra é azul'. Realizasse hoje a mesma viagem, Gagárin diria: 'A Terra é azul, mas o Brasil é Tricolor!'. Sim, o Brasil, esse país tropical de matas verdes, dourado das minas, céu azul e branco da paz, foi conquistado pela time da torcida mais bonita, do pavilhão das 3 cores que traduzem tradição! O verde da esperança, aquela mesma que não morreu por último em 2009, junto com o grená, o encarnado da dedicação do Time de Guerreiros, entremeados pelo branco da fidalguia que é a marca do time tantas vezes campeão!
Depois de 38 rodadas, 23 delas lideradas pelo vencedor, o Brasil se rendeu à força do melhor elenco, orientado pelo melhor treinador. Muricy realiza a façanha de ganhar 4 canecos nacionais nos últimos 5 anos, tornando-se o maior vencedor da era dos pontos corridos. Sério, trabalhador e discípulo de Telê Santana, esse paulista de sotaque carregado tem tudo para ser admirado. Afinal, negar o cargo mais almejado por 11 entre 10 treinadores do mundo 'apenas' para manter a palavra dada, não é para qualquer um.
A trajetória não foi em percalços, como é de se esperar de uma disputa das mais difíceis. Um começo claudicante, com duas derrotas nos três primeiros jogos foi sucedido por uma série de 15 partidas de invencibilidade (9 vitórias e 6 empates). Razões para o sucesso não faltaram, mas o forte investimento no elenco foi decisivo. Quatro deles contribuíram de forma efetiva para o título: o lateral-esquerdo Carlinhos, o meia Deco e os atacantes Emerson e Washington. Além da necessidade de melhorar o elenco, os reforços foram trazidos para suprir a ausência de alguns importantes jogadores contundidos. Fred foi o que mais desfalcou a equipe, com diversas lesões, além de Emerson e Deco. Em um campeonat longo e renhido, o banco tem de ser forte. Por conta dessas perdas, o time oscilou muito no início do segundo turno. Nas primeiras 12 partidas, foram quatro vitórias, quatro empates e quatro derrotas, com apenas 16 pontos conquistados de 36 possíveis. Graças à irregularidade do Corinthians e à distância de pontos para o Cruzeiro, porém, a liderança foi mantida. A 4 rodadas do fim, entretanto, o Fluminense foi ultrapassado. Em uma partida teoricamente tranquila, a equipe ficou apenas no empate com o então quase rebaixado Goiás, por 1 a 1, no Engenhão. Com a vitória do Corinthians sobre o Cruzeiro, o time paulista assumiu a primeira colocação, mas apenas por uma rodada, pois o clube do Parque São Jorge voltou a oscilar, ficando no empate com o Vitória e deixando a liderança na mão do Fluminense. Os cariocas não desperdiçaram a chance, golearam o São Paulo fora de casa e voltaram a ocupar o primeiro lugar, para não mais deixá-lo.
A felicidade da torcida Tricolor no Estádio Olímpico João Havelange, o 'Engenhão', só poderia ser medida em graus da Escala Richter. O apito final decretou não apenas o fim da agonia, mas também o começo de um coro uníssono, que juntou os jogadores dos novatos aos mais experientes, e todos eles aos torcedores, dos mais antigos até aqueles que sequer eram nascidos na última vez que esse grito ecoou.
Desde 1984 os Tricolores esperavam pelos dezesseis minutos do segundo tempo desta partida para poderem então reviver aquele gol de Romerito. Há um ano, o grupo que era assediado pelos demônios dos rebaixamentos do passado conseguiu reverter uma situação que já era dada como perdida. Junto com o milagre veio a consolidação de um time com a aura Tricolor e com fibra de guerreiros, que sentiram o peso da história daquelas cores que vestiam e que foram tocados pela mística daquele escudo centenário.
O retrato desse time de guerreiros estampará os jornais e revistas, mas nenhum deles se proclamará o herói. Em um campeonato no qual muitos tentaram macular a essência da desportividade, eles foram a imagem da fidalguia Tricolor. Esporte é superar limites, e foi exatamente o que os guerreiros fizeram, fosse em jogadas de categoria, fosse naquela dividida crucial ou naquele pique quando o fôlego já tinha se acabado. O mérito está dividido por todos esses lutadores, que fizeram por merecer um lugar na galeria dos times históricos do clube e nos corações da torcida.
A chuva que caiu sobre o Rio de Janeiro na memorável noite de cinco de dezembro de 2010 lavou a alma de cada Tricolor, esteja ele onde estiver nesse planeta, vivo, morto ou ainda por nascer. Ninguém é Tricolor pela quantidade, importância ou repercussão de um título. Somos Tricolores porque é nosso privilégio sabermos como é ser campeão do jeito que só o Fluminense é, por isso valeu a pena esperar vinte e seis anos. Isso faz tudo valer a pena.
Confira, ainda:
- A campanha Tricolor
- A saga da conquista
- Todos os jogadores do elenco campeão
Time campeão de 2010

6 comentários:

Anônimo disse...

A pipocada do curíntia contra o banco do juvenil do rebaixado Goiás foi vexaminosa!
E o Flu cagô-se nas calças durante os 90 minutos, o joguinho feio de um time cagão, quase entregou a goiabada pra raposa.

Anônimo disse...

Parab[ens,
Botafogo campeão carioca e Flu Campeão Brasileiro...O Rio de Janeiro merece !!!
Parabéns
PC

Bruno disse...

O mérito desse time é do Muricy. Melhor elenco não é...O Fred, Emerson e Deco viveram muitos dias no departamento médico. O Muricy transformou jogadores medíocres em bons jogadores (Diguinho, Carlinhos e Tartá). Outros não teve jeito (D. Maurício, André Luis). Teve sorte do Conca não ter se machucado porque foi a peça decisiva dentro de campo. Há muito o Muricy tinha visto o futebol do argentino desde que ele jogava no glorioso time da colina (coisa que o EEspetacular omitiu). Parabéns pela regularidade. Esse ano o campeão ganhou sem abusar do penaltis em jogos decisivos e ajudas dos árbitros. Quem ajudou mesmo foram os adversários, como disse o Dimitry.

Saulo disse...

Romulicha, tá de parabéns pelo título, coisa e tal.
Agora, de monocampeão virar "TRI" é meio palhaçada, não!? Ou estão considerando o título da terceirona???

Marcelo Brum-Lemos disse...

Ei, Rômulo! Parabéns pela conquista! E o texto muito bom!
Agora a verdade: Você chorou na hora do título? Heim?
Hehe...

Anônimo disse...

O Grêmio é o Brasil na Libertadores!!!